De facto, são poucos os carros do século XXI que já podem pretender um estatuto de clássico ou sequer pré-clássico. Mas talvez por ser tão invulgar quanto inovador, o Renault Avantime, já merece o interesse dos colecionadores.
As linhas e a arquitectura tão iconoclastas deste coupé/monovolume podem fazer questionar sobre o que se terá passado nas cabeças dos dirigentes da Renault para comercializar um carro destes. Não podiam fazer um coupé como os outros? Ou se quisessem fazer um veículo mais luxuoso, não podiam simplesmente substituir o velho Safrane com uma berlina de quatro portas inspirada nas produções germánicas? Poder podiam… mas o raciocínio foi outro e ao contrário do que se poderia pensar, foi bastante racional e fruto duma análise sociológica (embora algo empírica).
O caderno de encargos do Avantime visava os casais que já tinham utilizado o Espace para as longas viagens em família, para ir às compras, para levar os filhos à escola durante a semana, para transportar as bicicletas no fim de semana… e que, anos mais tarde, viram os filhos já crescidos sair de casa, ao mesmo tempo que já tinham alcançado um certo poder de compra. Libertados das suas responsabilidades parentais (e do crédito habitação!), desejosos de reencontrar o espírito anticonformista do Maio de 68 das suas juventudes, mas sem abdicar do conforto e habitabilidade do Espace, ficariam entusiasmados com um veículo que permitiria resolver tamanha equação, pelo menos foi essa a aposta da Renault.
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