Não são muito conhecidos, viveram sempre no conforto da ilha mas marcaram os primórdios do automóvel japonês, juntando o pragmatismo e fiabilidade à elegância e beleza do estilo italiano. Ou o contrário?

Há muito tempo, a Fiat lançou uma publicidade para vender o 132, no mínimo brilhante. A ideia por trás da publicidade era simples: porque ter um carro apenas meio italiano quando podiam ter um totalmente feito no país transalpino?

E para que todos percebessem, a publicidade mostrava doze carros cujo fio condutor era o estilo feito por italianos. O Lotus Esprit, o VW Golf, o Isuzu 117 Coupé e o VW Scirocco, todos desenhados por Giugiaro. O Rolls Royce Camargue, e os Peugeot 104, 305 e 604, com assinatura Pininfarina. Os Triumph Spitfire MKIV e Dolomite e o BMW 2000 Touring, feitos por Michelotti e, finalmente, o Volvo 262C desenhado por Bertone.

Este enorme sucesso das casas de estilo italianas como a Pininfarina, a Giugiaro, Bertone e outras, levou a que os japoneses quando quiseram envolver-se, a sério, na produção automóvel, escolhessem os italianos para lhes desenharem os carros.

A história mostra que não leva muito tempo até se aprender a fazer bons carros e os japoneses rapidamente subiram a fasquia, apostando muito na fiabilidade dos seus produtos, ainda que débeis em termos de chapa, pois o aço japonês não era lá grande coisa. A verdade é que depois da Segunda Guerra Mundial, os responsáveis das marcas do país do Sol Nascente não hesitaram em contratar as casas de estilo italianas para lhes desenhar os veículos, mas não só. A parte de engenharia também recebeu ajuda por parte de muitas empresas italianas.

Seria mais simples trazer aqui exemplos de carros muito conhecidos e lindíssimos feito por Vignale, Giugiaro ou Pininfarina. Decidimos, porém, dar-lhe a conhecer algumas pérolas desenhadas por italianos para os japoneses.

Daihatsu Compagno (Vignale)
Este modelo era típico da época: berlina de duas ou quatro portas, uma carrinha e um descapotável, faltando só o coupé que nunca saiu do estirador. O carro tinha uma construção de chassis separado da carroçaria, queria ser uma proposta económica, mas com estilo. Dai a contratação de Vignale para dar ao Compagno um asperto moderno e ocidental. O motor era um bloco de 1.0 litros, mas a Daihatsu, animada com o sucesso do modelo, especialmente na forma Spider descapotável, colocou um slogan deveras otimista... "Let's start with shooting line" qualquer coisa como "comecemos da linha de partida" o que para um carro com tão pouca potência era ousado.

Honda Hondina (Zagato)
Este modelo é, na realidade, o estudo revisto do projeto para o Fiat 500 Zanzara de 1969. O que Zagato fez foi pegar naquilo que a Fiat não aprovou, remodelar e propor a outro construtor. Este carro, porém, nunca chegou a ser produzido. Está aqui, apenas, para mostrar como os desportivos da época poderia ter ficado, tamanha era a influência do estilo dos "beach buggy" no estilo dos automóveis dos anos 70 do s´sculo passado. A base do Hondina era o conhecido N360 equipado com o motor de 360 c.c. com dois cilindros. Não se sabe ao certo quantos protótipos foram construídos. Certo é que o Fiat 500 Zanzara (ou Mosquito) existe e está nas mãos de um colecionador europeu.

Suzuki L40 Carry (Giugiaro)
Foi muito popular no Japão desse que nasceu em 1961, tendo chegado á quarta geração em 1969. O L40 Carry espoletou a mudança na forma como a companhia encarou os seus modelos utilitários. Que estavam em maioria na sua gama! Foi Giugiaro quem desenhou o L40, bebendo inspiração no Fiat 600 Multipla, mas aqui com formas retilíneas e ângulos vivos. Aproveitando ao limite as dimensões exigidas aos "kei car" japoneses, Giugiaro conseguiu encontrar espaço para passageiros e carga. Se o esticarmos um pouco para os lados e em comprimento, temos aqui um verdadeiro antepassado dos monovolumes que apareceram muito depois.

Isuzu 117 Coupé (Ghia)
Elegante, levou anos a ser desenvolvido, vendo a luz do dia, finalmente, em 1968. A assinatura do carro era da Ghia, mas foi Giorgetto Giugiaro quem o desenhou. Estabeleceu um novo patamar em termos de estilo e luxo para os japoneses, mas acabou por ser descontinuado no inicio dos anos 80, depois de vender mais de cem mil unidades, sendo substituído por outro modelo desenhado por Giugiaro, embora desta feita a assinatura fosse da Italdesign. Desenhado, igualmente, por Giugiaro, o Fiat Dino acabou por beber muita inspiração neste Isuzu 117 Coupé.

Isuzu Piazza (Italdesign)
Ostentando as placas "Disegno by Italdesign", o Piazza tinha o traço moderno e ousado de Giugiaro. O modelo evoluiu a partir do protótipo "Asso di Fiori (Ás de Paus) revelado em 1979, ficando praticamente igual. O modelo era uma forma de mostrar como a ideia de "luxo pessoal" tinha evoluído bastante nos últimos anos. O foco no conforto e no espaço para quatro adultos, acabou por dar origem a uma ideia materializada no primeiro VW Scirocco, inspirado no Italdesign Asso di Fiori e neste Isuzu Piazza.

Suzuki Go (Bertone)
Nasceu como uma ideia de colaboração entre a Suzuki motos e a Bertone, cruzando um motor Suzuki de 750 c.c. com uma carroçaria que mais parece, agora, com os John Deere Gator, espécie de UTV para carga. Apesar do cruzamento ser uma boa ideia, o resultado final nem por isso e depois de ser revelado em 1972, foi decidido não o levar para a produção em série.

Isuzu Bellett MX1600 (Ghia)
Este é mais um protótipo que foi exibido nos anos de 1969 e 1970. Tinha motor central traseiro, aerodinâmica ativa e como motor exibia o bloco de quatro cilindros com duplo veio de excêntricos à cabeça e 1.6 litros de cilindrada, debitando 120 CV. O carro foi desenhado por Tom Tjaarda, na época na Ghia, sendo visível por todo o lado a inspiração no De Tomaso Pantera.

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