O evento do ACP Clássicos, que este ano fez um tributo à Rainha Isabel II, voltou a atrair uma legião de entusiastas de diferentes proveniências e gerações, unidos pela paixão dos automóveis britânicos.
Aliados ancestrais, Portugal e o Reino Unido, partilham um legado histórico e cultural que se estende aos automóveis. A fascinante produção automóvel britânica granjeou adeptos no nosso país ao longo do século XX, um entusiasmo que se mantém bem vivo e que fica visível, todos os anos, no Passeio dos Ingleses, o maior passeio de clássicos britânicos em território europeu. Mais uma vez, a experiente equipa do ACP Clássicos organizou um evento em duas localizações no mesmo dia, com partidas de Lisboa e do Porto, reunindo um total de 256 automóveis.
Esta foi a oportunidade ideal para proprietários e acompanhantes partirem à descoberta do nosso território nacional, ao volante de autênticas preciosidades da indústria automóvel, como foi o caso de modelos intemporais da Bentley, da Jaguar, da Rolls-Royce, da Aston Martin, da MG, da Triumph, da Lotus, Morgan, Vauxhall ou Austin-Healey, e de outros emblemas eventualmente menos conhecidos, mas igualmente relevantes, como a Standard ou a Reliant. Este ano, a Rainha Isabell II foi recordada no evento, pois era bem conhecida a sua paixão pelos automóveis.
O apelo do Passeio dos Ingleses leva inclusive alguns entusiastas a prepararem automóveis especificamente para um evento, que, tradicionalmente, abre a temporada dos passeios de clássicos em Portugal. Em muitos casos, um passeio em família, como foi o caso de João Matos e da esposa Maria Pinheiro, que fizeram questão de participar este ano com um belíssimo Bentley MK6 de 1950. No banco de trás do Bentley seguiam os dois cães whippet (apropriadamente, uma raça britânica).
Nuno e Sofia Geada, um jovem casal, adquiriram há 15 dias o seu primeiro clássico, um MG, a pensar na participação no Passeio dos Ingleses, em Lisboa, onde se mostraram surpreendidos pela quantidade e diversidade de automóveis que se concentraram no Parque Eduardo VII. Até o embaixador do Reino Unido em Portugal, Chris Sainty, marcou presença no Passeio dos Ingleses, participando no convívio e descobrindo o percurso ao volante de um Bentley, marca patrocinadora do evento. “Nem eu fazia ideia de que tínhamos tantos automóveis britânicos, verdadeiramente deslumbrantes, nesta zona! É realmente entusiasmante. Temos uma longa tradição de amizade e parceria entre os dois países, e é muito reconfortante saber que os automóveis também são parte desta ligação entre Portugal e o Reino Unido”, referiu o representante de Sua Majestade.No Porto, sob as palmeiras da Avenida Dom Carlos I, no emblemático cenário da Foz do Douro, concentraram-se mais de 70 automóveis britânicos, incluindo o exemplar mais antigo do evento: um Standard 14 de 1946, uma raridade criteriosamente mantida e assistida pelo seu proprietário, José da Silva Santos, há 55 anos! A ligação emocional a estes automóveis é um elemento comum a muitos participantes do Passeio dos Ingleses. Sérgio Lopes repetiu presença no Porto com um Vauxhall Cresta de 1957, um modelo totalmente personalizável e que pertenceu a David Francis, cônsul inglês na Invicta na década de 1950. O pai de Sérgio Lopes adquiriu e restaurou este Cresta, que o diplomata inglês tinha encomendado à Vauxhall com uma pintura especial, para realçar o famoso grifo (ave) da marca britânica.
Pelos caminhos de Portugal
Durante a manhã do Sábado passado, as duas caravanas de automóveis partiram de Lisboa e do Porto para um programa simultâneo e dividido, nos dois casos, em Grupo Turístico e Grupo Desportivo, com percursos próprios.
A Sul, os 185 participantes começaram por se concentrar no Parque Eduardo VII, em Lisboa, atraindo a atenção de largas centenas de adeptos e curiosos. O extenso grupo rumou depois ao concelho de Mafra, onde o almoço foi servido em Enxara do Bispo, mas a meio do percurso dividiu-se em dois programas distintos: o Grupo Turístico visitou o Palácio Nacional de Mafra, onde foram recebidos por figurantes históricos, assistindo depois à actuação de um grupo lírico, que realçou o ambiente único do Palácio; enquanto o Grupo Desportivo pôde acelerar no Kartódromo da Lourinhã, numa prova de Regularidade que elevou as rotações e a emoção.
No Norte, a partida deu-se na Foz do Douro e levou os participantes rumo à região do Minho, onde o destino final seria Geraz do Lima, local do almoço. Antes disso, o Grupo Turístico visitou a vila mais antiga de Portugal, desfrutando da beleza de Ponte de Lima, enquanto o Grupo Desportivo estreou-se no Kartódromo de Viana do Castelo, que fez as delícias dos pilotos de ocasião.Um dia marcado pelo convívio, pelo glamour dos automóveis ingleses e pela descoberta do território nacional. Pelo 19º ano, a fórmula do ACP Clássicos foi um sucesso e promete regressar em 2024, com novos motivos de interesse, para comemorar duas décadas de história do Passeio dos Ingleses.
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