Um carro projetado para ser barato, com mecânica simples e robusta, numa época em que ter um automóvel era item de luxo. Pode parecer a história do VW Fusca, mas foi assim que o Citroën 2CV nasceu. A época é a mesma, em meados dos anos 1930, quando boa parte da França morava em área rural e se locomovia basicamente com meios de transporte animal.
Na época, a Michelin era a dona da Citroën, comprada após quase falência. Chamado inicialmente de TPV (Toute Petite Voiture, ou carro bem pequeno), precisava ter espaço para 4 pessoas e capacidade de carga de 50 kg, além de suspensão confortável o suficiente para viajar pelas piores estradas de terra do país "sem quebrar os ovos das compras". O consumo deveria ser de mais de 30 km/l no motor de 2 cilindros contrapostos refrigerado a água.
Em 1939, depois de anos de teste, 250 carros foram produzidos e estavam prontos para a apresentação no Salão de Paris daquele ano, em outubro. Porém, em setembro, a França entrou na Segunda Guerra Mundial, e o salão foi cancelado, assim como a apresentação do 2CV, já com o novo nome substituindo o TPV.
Durante a guerra, tanto os protótipos quanto os projetos do TPV foram escondidos dos nazistas. Foram encontrados em 1994, em um celeiro, e restaurados. Hoje, são conhecidas apenas 5 unidades (de 250 produzidas) existentes no mundo. Ainda nos tempos de batalhas, em 1941, o preço do alumínio subiu demais e impossibilitou a produção do 2CV, mesmo depois da guerra, já que era quase totalmente feito com este material para ser leve.
Em 1944, o motor a água foi substituído por um a ar, mas ainda com 2 cilindros e 375 cc. Para compensar o peso extra da produção em aço, o câmbio de 3 marchas era substituído por um com 4 marchas, permitindo um melhor escalonamento, sem aumento de custos expressivo. Porém, mais uma vez, o lançamento foi adiado. Dessa vez, o governo francês estava racionalizando a produção de automóveis, o que deixou a Citroën apenas com o segmento do seu modelo mais caro, o Traction Avant.
No Salão de Paris, em 7 de outubro de 1948, finalmente o 2CV é lançado pela Citroën. Suas vendas começaram no ano seguinte, já com partida elétrica. O teto era de lona, e o nível de combustível só podia ser medido com uma vareta. As primeiras unidades tinham 9 cv e 65 km/h de velocidade máxima, além da tração dianteira, algo inovador na época neste segmento de entrada.
Seu sucesso foi imediato, gerando fila de espera de até 3 anos. As unidades usadas chegaram a ser mais valorizadas que as novas, por não ter esta espera. Se em 1949 foram produzidos apenas 876 unidades, no ano seguinte já foram 6.196. Até uma versão furgão foi lançada em 1951.
A produção do 2CV na França durou até 1988, mas continuou em Portugal por mais dois anos. No total, foram 3.867.932 de unidades, além de 1.246.299 do furgão.
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