Qual é o mal de ter um veículo que mais ninguém tem?

2 года, 1 месяц назад - 24 октября 2022, motor24
Qual é o mal de ter um veículo que mais ninguém tem?
O aficionado por automóveis antigos encontra o veículo dos seus sonhos abandonado em uma garagem. Um verdadeiro “barn find”.

Mas o automóvel em questão ficou imobilizado por 30 anos e está em péssimo estado. Exigirá uma restauração completa. Um problema adicional: o modelo é muito antigo, raro, e a oferta de peças para ele é escassa. Nesta caso, o que é melhor: um restauro minucioso, que devolva ao veículo cem por cento de sua originalidade, ou uma customização caprichada que o torne mais funcional no trânsito moderno?Este dilema, alguma vez, já passou pela cabeça de antigomobilistas de vários países. Cada um o resolve de acordo com a sua cultura e gosto pessoal.

Entre a maioria dos aficionados norte-americanos, a opção pela customização é quase natural. Eles gostam de mexer nos veículos, actualizar a mecânica, incorporar acessórios modernos, como mostram os programas do canal Discovery Turbo. E muitas vezes constroem obras-primas – como os automóveis desenhados pelo mestre Chip Foose. Já entre os europeus e sul-americanos, mais conservadores, a preferência geralmente é pela manutenção da originalidade. Quanto mais fiel ao estado em que o veículo saiu de fábrica, melhor o projecto. Mesmo que a caça a componentes originais torne o restauro mais trabalhoso e demorado.

A menos que sejamos puristas radicais, não existe “certo” ou “errado” nesta questão. Se deixarmos os preconceitos de lado, ambas as soluções podem resultar em máquinas muito atraentes. Por que não? Há beleza e valor histórico na originalidade, sem dúvida, mas a personalização de um veículo pode transformá-lo numa interessante peça exclusiva, se for um projecto bem executado – a exemplo de alguns belíssimos hot rods americanos. Que mal há em ter um automóvel que ninguém mais no mundo tem?

A verdade é que o universo da customização de veículos é muito amplo, não para de crescer, e, de certa maneira, contribui para o fortalecimento e a renovação do antigomobilismo, na medida em que atrai para o hobby um público mais jovem. Uma rápida passagem pela internet revela centenas de fóruns animados por entusiastas das culturas Hot Rod, Rat Rod, Low Rider, JDM, Tunning, Carro Baixo, German Look e tantas outras. Um mundo fascinante para quem aprecia automóveis acima de classificações e idiossincrasias.

Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.

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