Isto porque, nos anos 50 pensava-se que a energia nuclear era o “futuro”, ou seja, que se conseguiria ter energia quase infinita e barata, sendo o projecto mais ambicioso de sempre da Ford.A ideia veio do recém-chegado designer Jim Powers, no primeiro ano que estava a trabalhar no Advanced Studio da Ford. Impressionado pelos desenhos, Alex Tremulis encorajou Jim para avançar com a construção de uma miniatura, primeiro em argila e depois em fibra de vidro.
Foi apresentado ao público pela primeira vez na mostra do programa da Ford, Stylerama. O modelo em fibra de vidro foi acabado com a cor Candy Apple Red, com tejadilho em cinza. Após estar desaparecido foi encontrado pela Smithsonian Institution em 1981. Posteriormente a Ford restaurou-o, passando a estar pintado num vermelho vivo e foi posto em exposição no Henry Ford Museum em Dearborn, Michigan.
Como referido, este automóvel não teria um motor de combustão interna, em vez disso, era movido por um pequeno reactor nuclear na traseira, baseado na investigação que assumiria que um dia se poderia diminuir as dimensões e o peso dos reactores. Este veículo usaria uma máquina a vapor movida por fissão de urânio, semelhante àqueles encontrados nos submarinos nucleares. Por outras palavras, uma cápsula radioactiva converteria a água em vapor a alta pressão para girar as turbinas, que girariam as rodas através de um ou mais conversores de binário e gerariam electricidade.O automóvel teria duas turbinas, uma daria ao binário necessário para mover o automóvel e a outra seria usada para fazer mover o gerador eléctrico. O vapor seria condensado num sistema de refrigeração e era enviado de volta para o gerador para ser reutilizado. A cápsula seria reabastecida em postos de abastecimento nucleares a cada 8000 km. Os engenheiros da Ford acreditavam que no futuro os postos de abastecimento de combustível seriam substituídos por pequenas centrais nucleares, para abastecer este tipo de automóveis. O motor não poderia ser retirado do automóvel, por isso, os clientes tinham a liberdade de escolher a cápsula que melhor se adequava ao seu uso. Além disso o Nucleon seria bastante silencioso e não iria expelir nenhum poluente.
A aerodinâmica também não foi esquecida, o pára-brisas eram uma só peça e as duas barbatanas traseiras, são inspiradas nas naves espaciais da ficção científica dos anos 50. Nele estavam presentes outros aspectos dos veículos da altura, como o design “cab-forward”, que também foi utilizado no Ford Econoline, assim como serviu de inspiração para o Lincoln Continental de 1961.
O habitáculo estava bastante chegado à frente, estendendo-se para lá do eixo frontal. O objectivo era os passageiros estarem o mais longe possível do reactor e também para ter uma melhor distribuição de peso. Outro aspecto prático, são as entradas de ar junto ao tejadilho e na base dos pilares que, supostamente seria para o sistema de arrefecimento do reactor. O mundo queria entrar na Era Atómica e o motor de combustão interna seria algo do passado. Segundo o projecto, seria possível a construção de reactores mais pequenos e mais leves, algo que, até hoje, não aconteceu.
Como seria expectável, este automóvel nunca foi construído. Apesar de ser económico, andar com um centro de radioactividade na traseira não era o mais seguro e a própria impraticabilidade visível. Nesta altura muitas pessoas ainda ignoravam os perigos da radioactividade e o facto de uma pequena falha puder causar um desastre nuclear. Mas, de facto, o Nucleon foi bastante bem recebido e o governo americano chegou, inclusivamente, a apoiar a Ford nas suas pesquisas em motorizações atómicas.
Quando o Nucleon foi apresentado, o Argon National Laboratory de Chicago, ficou bastante interessado no projecto e pediu à Ford todas as informações que poderiam dar. Posteriormente, as pessoas ficaram mais conscientes do risco da energia nuclear, deitando por terra todos os projectos associados a este tipo de energia. O Nucleon é um ícone da “Era Atómica” e deve considerar-se que não foi produzido, não por ser impossível, mas porque ninguém tentou.
Curiosamente, o Ford Nucleon serviu de inspiração para os automóveis do videojogo Fallout.
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