Nascido no dia 24 de fevereiro de 1983, o modelo que foi um verdadeiro marco, tanto em termos de produto, como de marketing, e até mesmo ao nível do desporto automóvel, para a Peugeot, começou, na verdade, como um ambicioso projecto apresentado por Jean Boillot, então membro do Conselho de Administração da marca de Sochaux.
A ideia, recorda o fabricante, era conceber um automóvel compacto que fosse mais do que um veículo de cidade, um veículo polivalente capaz de sentir à vontade, tanto em ambiente urbano, como em estrada.
Ao mesmo tempo, também devia ser capaz de transportar uma pequena família e ser acessível à maioria dos consumidores. Assumindo-se, dessa forma, como uma solução “para tudo e para todos”.
Com design genuinamente Peugeot
Obtida a aprovação para avançar com o projecto e embora a grande maioria dos modelos anteriores tivesse sido desenhada pela italiana Pininfarina, foi a então equipa de design da própria Peugeot, liderada por Gérard Welter, que acabou vencendo o concurso interno para criar aquele que viria a ser o Peugeot 205 de cinco portas.
De resto, o modelo acabaria, mesmo, por inaugurar alguns dos elementos distintivos que, posteriormente, seriam aplicados nos futuros Peugeot, como foi o caso da grelha frontal com barras horizontais ou a faixa entre as luzes traseiras.
Quanto ao interior, foi desenhado pelo então membro do studio Peugeot e nome grande do design automóvel, Paul Bracq.
Assim e apesar da ligação entre as duas empresas, apenas a variante Cabriolet do 205, lançada em 1986, haveria de sair dos estiradores da Pininfarina, embora, também ela, já condicionada por aquelas que eram as linhas de sucesso do 205 de cinco portas.
O primeiro Diesel e as muitas versões
Tecnicamente, o 205 foi também o primeiro modelo da Peugeot a adoptar, por exemplo, barras de torção na traseira, isto como forma de libertar mais espaço para os passageiros, enquanto, no capítulo dos motores, foi o primeiro “leão” a receber a nova família de motores XU. E, em particular, o XUD7.
Resumidamente, tratava-se de um motor de quatro cilindros com 1.769 cc e 60 cv de potência, que fez do 205 o primeiro pequeno automóvel francês com motor a gasóleo e, sobretudo, o primeiro modelo pequeno com propulsor Diesel a oferecer um desempenho equivalente ao dos blocos semelhantes, a gasolina. Embora e também, com um consumo de combustível muito inferior, cuja média a marca fixava nos 3,9 l/100 km …
A partir daí, o modelo tornou-se, igualmente, no primeiro Peugeot de dimensões mais pequenas a receber uma ampla oferta em termos de motores, da qual fizeram parte quatro opções a gasolina e uma a gasóleo, com potências que iam dos 45 aos 200 cv. Isto, além de ter sido comercializado também com caixa de velocidades automática, algo raro naquela época.
Aliás e fruto desta abrangência, não demorou mais do que cerca de um ano (1984) para que surgissem as lendárias versões 1.6 GTI de 105 cv e Turbo 16, bem como uma carroçaria de apenas três portas. Às quais se sucederam muitas outras versões, desde as mais acessíveis, como foi o caso da Junior de 1986, com os seus bancos tipo ‘jeans’, até às mais sofisticadas, como a Lacoste ou a Gentry.
O peso da publicidade… e do desporto
Ainda hoje recordado por muitos fãs, tanto do modelo como da própria marca, o Peugeot 205 foi um modelo que, conforme reconhece a própria marca francesa, “beneficiou de um marketing à altura das suas qualidades”. Nomeadamente, com a invenção da designação “sacré número”, enaltecida por criações publicitárias como o filme em que era perseguido e bombardeado num lago gelado, por um avião militar, numa atmosfera a fazer lembrar os filmes do agente secreto James Bond.
Realizado por Gérard Pirès, que alguns anos mais tarde viria a assinar o famoso filme ‘Taxi’, o qual até tem um Peugeot 406 como vedeta, este filme publicitário acabou por contribuir para o perdurar do “mito”…
Igualmente a reforçar esta áurea, o sucesso alcançado no automobilismo, onde, logo a partir de 1984 e sob o impulso do francês Jean Todt, tanto a Peugeot, como o próprio 205, estrearam-se na categoria rainha do campeonato do mundo de ralis, o famoso ‘Grupo B’, com o 205 Turbo.
E se, nessa primeira temporada, o 205, com o finlandês Ari Vatanen ao volante, deixou logo aí um final positivo, ao vencer três das provas do campeonato, nos anos seguintes, não deu quaisquer hipóteses à concorrência. Primeiro, em 1985, com a conquista do Mundial pelas mãos de Timo Salonen e do Peugeot 205 Turbo 16, e, depois, em 1986, com o triunfo obtido por Juha Kankkunen.
Entretanto e com fim do ‘Grupo B’ no final desse ano, Jean Todt propôs à Peugeot a inscrição dos 205 T16 num evento lendário, o Paris-Dakar, onde os “leõezinhos” voltaram a mostrar a sua garra, conquistando a vitória final, tanto em 1987, como em 1988. Primeiramente, por Ari Vatanen, e, em seguida, por Juha Kankunnen.
O adeus a um mito
Com a entrada na década de 90, chegou também o “declínio” do pequeno 205, que, logo em 1993, via desaparecer a versão GTI. Para, apenas dois anos depois, despedir-se, também, do Cabriolet.
Finalmente, em 1986, a Peugeot decidiu colocar um ponto final num modelo que deixara uma marca indelével na sua história, mercê de uma longa e rica carreira de 15 anos, em que foram produzidas um total de 5.278.050 unidades. Para o fabricante, chegara o tempo do 206….
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