Citroën Traction Avant. Automóvel das cem patentes faz 90 anos

7 months, 2 weeks atrás - 30 Abril 2024, turbo
Citroën Traction Avant. Automóvel das cem patentes faz 90 anos
O Citroën Traction Avant, conhecido entre nós como “Arrastadeira”, está a assinalar 90 anos e é apelidado como o automóvel das cem patentes. Além da tração dianteira, tinha carroçaria monobloco, travões hidráulicos e suspensão independente. Este modelo foi produzido entre 1934 e 1957.

A Citroën está a assinalar o 90º aniversário do Traction Avant, apelidado de “automóvel das 100 patentes” porque reunia as soluções técnicas mais avançadas para a sua altura. Para além da tração às rodas dianteiras, tinha uma carroçaria monobloco ou autoportante, travões hidráulicos e suspensões independentes nas quatro rodas. A silhueta, imediatamente reconhecível, para era caraterística. Em Portugal ficou conhecido popularmente como “Arrastadeira”.

Apresentado a 18 de abril de 1934, em Paris, com a denominação comercial “7”, em referência à sua potência fiscal e o objetivo de relançar a marca Citroën, passou a ser referido rapidamente como Traction Avant. 

O seu estilo aerodinâmico caraterístico, inspirado nos veículos do tipo “Streamline”, rapidamente o tornou num modelo emblemático da Citroën, que resistiu ao teste do tempo, até evocando imagens de resistentes ou de gangsters, perpetuadas em inúmeros filmes. Venderam-se 760 mil exemplares do Traction Avant, numa produção que terminaria em 1957.

O Citroën Traction Avant veio substituir os modelos 8, 10 e 15 da Citroën, apresentados em outubro de 1932, já que André Citroën quis surpreender o mercado com um automóvel  totalmente revolucionário para a época.

Caraterísticas inovadoras
O caderno de encargos incluía uma carroçaria monobloco totalmente em aço, que eliminava o chassis e baixava consideravelmente o centro de gravidade, tração às rodas dianteiras, um motor flutuante com válvulas à cabeça e camisas de cilindros amovíveis, travões hidráulicos, suspensão independente nas quatro rodas com barra de torção e uma caixa de velocidades automática. 

A transmissão automática, no entanto, acabaria por ser abandonada devido à falta de tempo para o seu desenvolvimento quando os primeiros automóveis começaram a sair da linha de montagem em 1934.

Como não dispunha de chassis, o Traction Avant ou “Arrastadeira” apresentava uma carroçaria baixa e aerodinâmica, tanto pelas suas linhas como pelo seu fundo plano. 

O motor e a caixa de velocidades, por sua vez, formavam um grupo propulsor compacto, o que permitia que, além do centro de gravidade muito baixo, fosse posicionado o máximo de peso à frente. 

Traction 7
A primeira “Arrastadeira” começou ser produzida em 18 de abril de 1934 e vinha equipada com um bloco de quatro cilindros de 1302 cc e 32 cv, para 7 cv fiscais. Na verdade, foi o único verdadeiro 7 CV. O seu sucessor, 7B, foi lançado em junho desse mesmo ano, mas a cilindrada do motor aumentou para 1529 cc, a potência máxima para 35 cv e a fiscal para 9 cv. A sua velocidade máxima era de 100 km/h.

A versão desportiva, denominada 7 S ou 7 Sport, surgiu em julho de 1934. A grande alteração era o motor de 1910 cc sob o capot, que debitava 46 cv para uma potência fiscal de 11 cv, permitindo uma velocidade máxima de 115 km/h.

Em setembro de 1934, o 7B seria substituído pelo 7C, equipado com um motor de 1610 cc, que mantinha a potência fiscal de 9 cv, mas a máxima aumentava para 36 cv. A velocidade máxima continuava a ser de 100 km/h. Em fevereiro de 1939 era lançada uma versão com um novo motor, o 7 Economique, que baixava o consumo de combustível em cerca de dez por cento.

A produção do Traction 7 acabou na primavera de 1941.

Traction 11
Além do 7, a oferta da Arrastadeira incluia ainda o “11”. O primeiro, “11A”, foi revelado em agosto de 1934, um mês após o aparecimento do 7 S, e recebeu o motor de 1910 cc, com 46 cv e 11 cv de potência fiscal. Exteriormente distinguia-se do “7” pela carroçaria de maiores dimensões, com mais 12 cm de largura e 20 cm de comprimento.

Em outubro desse mesmo ano era lançado no Salão Automóvel de Paris, o 11 AL (ou 11 Légère), substituiria o 7 S. Mantendo a carroçaria de um 7 e um motor de 11 cv, diferenciava-se pelo facto de ter o mesmo nível de acabamento interior superior ao do 11 A. 

O 11 A e o 11 AL seria substituídos pelo 11 B e 11 BL em fevereiro de 1937. Em março de 1939 seria introduzido o novo motor 11 Performance em toda a gama, que permitiria aumentar a potência de 46 cv para 56 cv. 

Em maio de 1955, o 11 B, o 11 BL e o 11 C conheceram a sua última evolução com a adoção de um novo motor, o 11 D, cuja potência foi aumentada para 68 cv e que prefigurava o propulsor dos futuros DS 19 e ID 19. A produção do Traction 11 chegaria ao fim em 25 de julho de 1957.

Topo de gama era o 15 Six
O topo de gama da Arrastadeira foi o 15 Six. Tinha a mesma carroçaria do 11 B, mas estava equipado com um motor de seis cilindros em linha, de 2867 cc e 77 cv, para uma potência fiscal de 16 cv. A particularidade era das suas rotações se fazerem para a esquerda e, por esse motivo, também ficou conhecido como como 15 Six G (“G” de “gauche”, isto é,“esquerda” em francês).

Já em setembro de 1947, o sentido de rotação do motor foi invertido e o 15 Six D sucedeu ao 15 Six G. Este modelo conheceu o sucesso no pós-guerra e impôs-se como o automóvel francês topo de gama, chegando ao topo da estrutura do Estado francês, adquirindo um estatuto emblemático.

O novo 15 Six surgiu em maio de 1954. o 6 H, e tinha a particularidade de vir  equipado com uma suspensão hidropneumática de altura constante no eixo traseiro. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que a suspensão revolucionária que viria a equipar o DS 19, quase um ano e meio mais tarde. O lançamento deste último em outubro de 1955 acabaria por ser a sentença de morte da gama 15 Six.

Várias carroçarias
Quando foi lançado em 1934, o 7 era comercializado nas carroçarias berlina de quatro portas, coupé (ou falso cabriolet) e cabriolet com para-brisas rebatível (ou roadster). Quando surge o 11 alguns meses mais tarde, também é proposto como berlina, coupé e cabriolet, bem como uma carroçaria longa de seis janelas, como carrinha de 7 a 9 lugares, táxi, ou berlina de 5 a 6 lugares, bem como com uma carroçaria longa de quatro janelas, como coupé citadino de cinco lugares. 

O 11 também teve uma versão comercial de cinco lugares, com uma carga útil de 500 kg, que foi lançada em abril de 1938.

A produção dos Coupé das gamas 7 e 11 terminou em setembro de 1938, enquanto a dos Cabriolet terminaria em novembro de 1939. O 15 Six, por sua vez, foi lançado em outubro de 1938 nas carroçaria berlina de cinco e seis lugares e só em maio do ano seguinte chegaria a limusina de cinco e seis ugares e a carrinha familiar de oito e nove lugares. Menos de uma dezena de unidades 15 Six Cabriolet chegaram a ser montadas, que acabaram por não ser comercializadas.

Após a guerra, os familiares 11 e 15 só voltariam ao mercado em setembro de 1953 e o 11 Comercial apenas em março do ano seguinte. A última “Arrastadeira” produzida, a 24 de julho de 1957, foi um 11 B em versão familiar.

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